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O luto e o que vem antes

2 de fevereiro de 2017
Tempo de leitura: 2 minutos

Gabriela Caseff

Editora do Blog. Atua na comunicação da Doutores da Alegria desde 2011 e é repórter na Folha de S.Paulo

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No final do ano passado, alguns artistas do Doutores da Alegria foram convidados para um grupo de luto de um hospital onde atuamos.

Grupos de luto são espaços de acolhimento para pessoas que perderam entes queridos. São reuniões, muitas vezes conduzidas por voluntários com uma equipe multidisciplinar do hospital, em que se fala sobre morte, sobre luto, sobre saudade, sobre tristeza.

E também sobre vida. Sobre lembranças. Sobre recomeços. Naquela ocasião, os parentes relataram lembranças que têm de seus filhos com os palhaços, o que nos emocionou muito.

“Lembramos de todas as crianças e víamos naqueles rostos não as pessoas que passaram por uma tragédia, mas as pessoas mais fortes que já conhecemos, pessoas que provaram a vida até as últimas consequências e sobreviveram. E que se ajudam mutuamente, com muito carinho.” David Taiyu, palhaço.

Falar sobre a morte pode ser difícil para muita gente. Em um artigo no jornal inglês The Guardian, o terapeuta Johannes Klabbers traz um sensível relato sobre consolar uma pessoa que está próxima da morte. Reproduzimos um trecho:

“Embora eu conheça médicos excepcionais e enfermeiras que podem e falam com os pacientes sobre a sua morte iminente, é algo que muitos não se sentem qualificados para fazer. Aprendi que consolar uma pessoa gravemente doente é algo que quase qualquer um pode fazer, qualquer que seja sua fé – ou falta dela. Você não precisa de uma qualificação especial, ou de um crachá, ou permissão de uma figura de autoridade, sobrenatural ou não, apenas sua humanidade e determinação.

Muitas vezes a nossa ansiedade sobre dizer ou fazer a “coisa errada” nos leva a decidir não visitar alguém. Oferecer estar lá para alguém, mesmo que eles recusem – e eles podem – nunca está errado. Estar lá significa dar a sua atenção à pessoa, não à sua doença, e concentrar-se em ouvir, não em se preocupar com o que dizer.

Fotografia dos Doutores da Alegria no Hospital do Campo Limpo/SP

Você precisará aceitar que a pessoa pode não querer discutir sua tristeza e medos – pelo menos no início. Eles podem querer falar sobre futebol ou o mais recente episódio de uma série. Ou eles podem apenas precisar de alguém para sentar com eles em silêncio. Você pode se sentir desconfortável ou angustiado, mas seu trabalho é aceitar o seu desconforto e pensar além dele. Você pode mostrar tristeza, mas não sobrecarregá-los com sua dor.”

Aqui no Brasil, um grupo de mulheres que viveram o luto se uniu em 2014 para criar, com a ajuda de financiamento coletivo, a plataforma Vamos falar sobre o luto?.

O projeto é um convite para quebrar o tabu, com relatos diversos – um canal de inspiração e de informação para quem vive o luto e também para quem deseja ajudar.

Iniciativas como essas abrem caminho para uma reflexão mais consciente sobre a morte. E trazem um espaço acolhedor, seja ele real ou virtual, para que pessoas se conectem em busca de um recomeço para suas vidas.

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Gabriela Caseff

Editora do Blog. Atua na comunicação da Doutores da Alegria desde 2011 e é repórter na Folha de S.Paulo


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acolher, acolhimento, carinho, despedida, grupo de luto, luto, morte, saudade, saudades, superação, The Guardian

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Pamela Dolores
Pamela Dolores
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Boa Noite, me chamo Pamela e sou aluna de Psicologia, gostaria de saber se vocês do grupo Doutores da Alegria possuem algum trabalho psicológico voltado para os Doutores, devido ao fato de lidarem com o sofrimento dos pacientes adoecidos e muitas vezes com a própria morte, por isso gostaria de saber se vocês possuem algum trabalho voltados para os próprios Doutores.

Att,
Pamela

Rosa Campos de Oliveira
Rosa Campos de Oliveira
5 a

Não conheço, mas deve ser um trabalho muito lindo.

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